::Tradição e Costumes: Umbanda e Candomblé::

Salve meus irmãos, a cultura do Candomblé é riquíssima e linda, preciso render graças pois foi meu "berço". 
Mas preciso por meu ponto de vista: não aceito misturar Umbanda e Candomblé. Há muita diferença entre as duas religiões e sei que os "mais velhos que eu" também não aceitam. Muitos costumes do Culto de nação entram na Umbanda por ela ser jovem. Como assim? Explico.
Tudo começou com a apresentação mediúnica de espíritos que já passaram pela matéria e esse fato não é aceito pelo Candomblé. Já na Umbanda temos os pretos velhos, caboclos e outros que já passaram pela "carne" e com a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, formalisando o Umbanda, ditou regras e norteou essa comunidade umbandista de hoje. Mas isso merece outra postagem!
Hoje, vou falar sobre um utensílio do Candomblé que está sendo usado na Umbanda, o pano da costa.  

Também conhecido como alaká, pano-de-alaká ou pano-de-cuia, o pano-da-costa é de origem africana, é usado sobre os ombros e, como principal função, de acordo com o pesquisador Raul Lody (2003), distinguir o posicionamento feminino nas comunidades afro-brasileiras. Geralmente retangular, o pano da costa é tradicionalmente branco ou bicolor (listrado ou em xadrez madras) podendo ser bordado ou com aplicações em rendas. O nome pode ter derivado de sua origem (a Costa do Marfim, na África) ou do fato de ele ser usado preferencialmente jogado sobre os ombros e costas.

Presença e distintivo do posicionamento feminino nas comunidades religiosas afro-brasileiras, o pano-da-costa, não é apenas um complemento da indumentária da mulher; é a marca do sentido religioso nas ações da mulher como iniciada ou dirigente dos terreiros, aqui no Brasil, claro. Observemos a profunda conotação sócia religiosa desse simples pedaço de tecido, que atua em tão diversificadas situações, desempenhando papéis dos mais significativos e necessários para a sobrevivência dos rituais africanos. O pano-da-costa é assim chamado por ter sido um tipo de tecido vindo da costa dos escravos, Costa Mina, Costa do Ouro. O tecido original foi substituído por outros tipos de tecidos, o que não diminui em nada as funções do pano-da-costa.Identifica a mulher feita, iniciada, aqui no Brasil, mesmo que ela não esteja de roupa de santo completa.

A situação do pano-da-costa é de maior importância, se colocarmos a presença da mulher como símbolo do poder sócio-religioso e arquétipo dos valores mágicos da fertilidade, isso motivado pelas formas anatômicas características da mulher. O sentido protetor do pano-da-costa é outro aspecto que merece atenção.
 O pano da costa é de uso exclusivo da mulher nos cultos africanos, porque uma das principais funções do mesmo é proteger os órgãos reprodutores das mulheres. Listrado, liso, estampado ou bordado em richelieu ou renda, é por meio dele que a mulher demonstra sua posição hierárquica na organização sócio-religiosa dos terreiros.
No Rio de Janeiro e outros estados, onde a chamada “evolução” está destruindo e recriando situações a bel prazer, convencionou-se que o pano-da-costa deve ser usado de acordo com a idade de santo, isto é, só usa preso acima dos seios aquelas que ainda são yawos. Está errado, pano-da-costa é para ser usado dessa forma mesmo independente da idade de feitura, quando muito, pode-se enrolar até abaixo dos seios. 

DE ALGUNS ANOS PARA CÁ OS HOMENS ADERIRAM O PANO-DA-COSTA, MAS NENHUM DELES ATÉ AGORA EXPLICOU O PORQUÊ DE USÁ-LO E NEM PODEM EXPLICAR, POIS O MESMO É DE USO EXCLUSIVAMENTE FEMININO.
E PIOR AINDA, O USAM NA CINTURA. PARA PROTEGER O QUE?

Então depois de uma informação culturalmente falando importante, não adicionem nos seus trabalhos os fundamentos de outros segmentos religiosos. Isso é prejudicial e atrapalha muito a tradição, coisa que estamos perdendo.
Na Umbanda usamos a "toalha de batismo" para firmações, cruzamentos, batismos, oferendas, em desenvolvimentos mediúnicos internamente e raramente nos trabalhos espirituais desenvolvidos pela casa.

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